"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Meandros (versão 4.0)


Murmúrios de uma vida contida...
todos os meus dias
passando diante
de meus olhos fechados
buscando um sono
que insiste em não chegar,

E eu, novamente
fazendo muitos planos,
desfazendo outros tantos,
natimortos.

Ai, que angústia!

Releio um trecho do Nava,
que consagra em definitivo
o pôr do sol de Belo Horizonte
e vislumbro novas fontes e
possibilidades.

Percebo minha vida inteira
aqui nessa cidade,
percebo ser mineiro de
quatro costados,
mineiro do quadrilátero,
Chão de Ferro mesmo!

Às vezes, mineiro demais,
protegido pelo útero
montanhoso que me envolve
ansiando pelo inevitável parto.

Eis que me vejo agora,
cheio de cavas,
túneis,
buracos,
no coração
na mente
na alma...

E os sonhos,
alguns perdidos,
desfeitos,
adiados,
maquiados...
 
De olhos fechados repasso tudo:
as virtudes,
os pecados,
o amor,
a Paternidade,
os brilhantes projetos de arquitetura,
as viagens de descanso,
a conversa final com alguém...

O quanto ando distante
de Deus e dos homens,

O quanto tenho sido
egoísta e acomodado...

E a cidade como pano de fundo.

Meandros
de uma vida contínua:
Belorizonte
Belo Horizonte

Raiz.

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