"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Ciranda


Passa passa
Passa
Tempo
Tempo que
Não passa
Fica.

Quem fica em
Não passa bem
E passa tudo
Que passa bem.

Passa noite
Passa dia
Passa pranto
E problema
Gira o mundo
Roda viva
Vai pessoa
Vem poema...


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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Instantâneo Amor


Funciona assim
Na minha cabeça:
Te vejo
Te beijo
E vivemos.
Para todo o sempre
Amém!

O Beijo - Gustav Klimt - 1908 (detalhe)












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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Quarenta e Dois


Lá fora venta
Frio e Forte
Há pelo menos
Quatro horas.

O prédio resiste bem
Às rajadas.
Sequer balança.

As janelas,
Estas sim batem e sopram
Esquadrias em percussão,
Uivam por todas as frestas:

São meus olhos.
São meus ouvidos.
É o mundo inteiro
Vindo bater em minha porta.
Procissão de sentimentos
Coisas e
Gente.

Primeiro lugar na fila e
Primeira a bater: a Felicidade.
É ela também quem encerra tudo.

No meio estão:
Família
Gratidão
Amor
Esperança
Humildade
Carinho
Caridade
Paz
Saúde
Alegria
Harmonia

E todas as pessoas
Que nunca deveriam morrer um dia...

Lá fora o vento,
Sempre presente
Sempre mudando:
Ora jogando poeira
Em meus olhos
Ora trazendo alívio
Para o calor das idéias
Ora ventando somente
Agitando folhas
Desenhando com som
Uma árvore frondosa
De frutos maduros.










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domingo, 11 de agosto de 2013

Os Madredeus e Ouro Preto. E eu.




     E não é que terei a chance de ver os Madredeus ao vivo?
     E em Ouro Preto.
     E em São Francisco de Assis!
     Uma jóia da música, numa jóia de cidade, numa jóia do barroco das Américas.
     Eles vem para o MIMO, festival internacional de música, realizado em cidades que preservam bens e valores históricos do Brasil. Neste ano as apresentações serão também em Olinda (PE), Paraty (RJ). (http://www.mimo.art.br/festival)
     Música boa tem o poder de me curar de qualquer coisa, seja física ou emocional, e os Madredeus são simplesmente parte da trilha sonora de minha vida. Junto com os noruegueses do A-ha e os Kings of Convenience, com os meus queridíssimos Gershwins e Cole Porter, além do indefectível movimento Clube da Esquina, são peça chave do acervo sonoro que eu certamente salvaria de um naufrágio e levaria para uma ilha deserta, mesmo sabendo que não os escutaria nunca mais por lá não ter player nem energia elétrica.
     Pois é, quando escuto essa turma me transporto automaticamente para a ilha deserta mais próxima...
     Uma quase tatoo auditiva.
     Os Madredeus tem projeção mundial. O seu trabalho combina elementos da música portuguesa tradicional com a popular contemporânea e, na sua mais recente formação, algum flerte com a música erudita.
     Falando em formação, a vocalista mudou. Saiu  Teresa Salgueiro que era praticamente a personificação do grupo e entrou  Beatriz Nunes, egressa do canto lírico e com uma responsabilidade enorme pela frente: repetir todo o repertório consagrado por sua antecessora com novo estilo, com nova graça, com nova energia. Pelo que tenho visto e escutado, tem dado certo.
     Da formação original, de 1985 só restou o fundador, Pedro Ayres de Magalhães com sua guitarra clássica, responsável pela maioria das composições e arranjos. Na minha modesta opinião de fã, um grande músico e poeta de mão cheia. (http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,festival-mimo-traz-grupo-madredeus-ao-brasil,1057211,0.htm)
     Vamos lá então, singrar o "mar de morros" lutar pelas entradas e tentar encaixar esta apresentação entre as minhas responsabilidades habituais do dia 30 de agosto, plena sexta-feira e o sábado, 31, também dia de agenda cheia.
     Abaixo, trecho de concerto da nova formação dos Madredeus em Basel (Suíça), com "A Estrada da Montanha", canção recente e "Vem", do álbum O Espírito da Paz, de 1994.



Ver também: http://alexandre-pontodefuga.blogspot.com.br/2013/09/leaving-august-casa-dos-contos-e-eu-e.html


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Os Olhos Negros de Carolina


Olhos que buscam
Olhos negros
E vivos

Olhos que buscam
Olhos negros
Que passam

Olhos que buscam
Olhos negros
E fixos

Em outro olhar
Em outro pensamento
Em outro momento
Ou dimensão

Olhos que buscam
Meus
Olhos que buscam

Os olhos
Que não me veem

Olhos que
Vazios
Me buscam

Conteúdo
Cor
Ação

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domingo, 4 de agosto de 2013

Leaving July


Prefácio do mês de meus anos
Julho ficou para trás
E quase não orei.
No máximo lembrei-me
Do Cordeiro de passagem.
Com suas devidas
Consequências...

Nada tenho a dizer
A não ser
Que quando abri
Minha boca e falei,
Errei.
Que quando fechei
Minha boca e calei,
Venci.
Que quando abri
Meus olhos e enxerguei,
Nasci.

Fim de Julho de 2013.
Dizer o que?
(Viva o Galo!) 
No máximo, sorte no jogo.
Com suas devidas (e sabidas)
Consequências.

Foto: Estado de Minas.



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