"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Leaving September


Noite de vento intenso eu
E mudanças.
E frio.
Há estrelas e lua cheia no céu
E nenhuma nuvem,
E frio.

Eu na janela
As janelas em mim,
As janelas na alma,
E frio.
E intenso eu
Vejo tudo pela janela.
















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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Recado


Pra que na boca do povo não caia
Pra que não fique surpresa
Sugiro que arrume tua saia
Pois vê-se tudo por baixo da mesa

Não tive culpa
Olhei de relance
E ainda que a visão me balance
Digo apenas: tome cuidado
Porque está dando o maior lance

Por favor
Não se aborreça
E caso a raiva apareça
Deixe vir o fim da aula
Para que a bronca aconteça.


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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Mea Culpa - Confissão de Dívida Eterna de Sangue e Silêncio


Sento-me e escrevo,
Meio inclinado para frente
Sinto-me.

Um sangue grosso
E quente me escorre
Pela testa e têmporas,
Contorna sobrancelhas
E ganha a face entrecortada de rugas
Recentes
E outras vindouras,
Ao mesmo tempo
Ancestrais,
Até finalmente chegar ao queixo e pingar,
Batizando com suor e lágrimas,
Gota a gota,
Mesa, papel e mãos.

Um sangue doido
Doído e puído,
Pisado
Rubro-róseo-escarlate
Sangue Paixão de Cristo
Semana Santa em Minas
Ou em Hollywood...

Sangue perdido desperdiçado
Em entendimento tardio
Do que é,
Do que significa
Amor verdadeiro.

Amor que só se percebe em perda,
Amor que só se percebe imenso
Em sua ausência.

Amor que gera sofrimento
Ante a impossibilidade agora eterna
De lhe dizer qualquer coisa
Até mesmo simples “oi”.

Amor perdido e negado,
Pago com meu sangue
E com meu silêncio,
As únicas coisas que me dignificariam
No dia de hoje.


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