"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Dezoito!

 

Ela nasceu com um sopro de vida, quase sem fôlego, chorando fino, baixinho e vermelha como uma beterraba cozida.
Um sopro com 29 semanas de gestação que tomou corpo e hoje, ao completar 18 anos tem o tamanho e o poder de um furacão.
Escrevo isso com ela sem perceber, bem aqui ao meu lado, desenhando como só ela consegue desenhar, e vejo nos traços ligeiros, precisos e perfeitos de sua lapiseira, cada passo, cada alegria, cada percalço, cada dúvida, cada sorriso, cada lágrima, cada angústia, cada aprendizado, cada perda, cada vitória, cada abraço, cada beijo, cada saudade, cada confidência, cada palavra dita ou reprimida, cada reencontro, cada despedida, cada voo, cada aterrissagem nesses anos todos. Tudo isso, tornado com o tempo em inspiração e alicerce.
Vejo nossa vida sempre guiada pela vontade de Deus, que tem sido tão bom conosco e a quem peço que continue nos abençoando. Obrigado por nos ajudar tanto a cuidar de você Joana, fazendo dessa tarefa enorme a mais prazerosa das responsabilidades.
Obrigado pelo respeito, pelo companheirismo, pela cumplicidade e pelo carinho incessante.
Bem vinda ao que se convenciona chamar de maioridade, minha filha!
O mundo te espera! Brilha!
Saiba que estarei sempre à sua disposição, ao seu alcance, ao seu lado quando precisar daquele beijinho de lado no nariz, bem entre os olhos, ou do cafuné naquele fundinho de trás da cabeça, ou então nos carinhos em cada vértebra saliente da coluna, que te faziam dormir em poucos minutos.
Feliz aniversário, filha querida, dona do meu coração!
Você é muito grande e importante.
Te amo!
Seu pai.


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sábado, 14 de outubro de 2023

Estamos Meu Bem Por Um Triz


Plano:
Dia 1: cuidar do corpo.
Dia 2: cuidar da alma.
Dia 3: cuidar do corpo.
Dia 4: cuidar da alma.
Dia 5: cuidar do corpo.
Dia 6: cuidar da alma.
Dia 7: livre para descuidos eventuais...
Todos os dias: cuidar do trabalho e de 
quem cuida da gente.

Mudança:
É tudo urgente e pra ontem.
Passagem de ciclo.
Novas sinapses.
Novo padrão vibratório.
Desapego.

Reinventar-se:
O processo é doído.
É doido e solitário.
(it's up to me only)
É solidão e só.
É só solidão
Egoísmo
E insônias.

Haja endorfina.

Amém!






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quarta-feira, 6 de setembro de 2023

No Pain

 
Pingava de suor.

Em cada flexão de braço
sentiu bem de perto
o cheiro poeirento do chão e
a textura de todos os tapetes
que a vida lhe estendeu.

Viu descer pela testa
seminua e pela face corada
gotas salgadas purificadas
frutos das lutas e conquistas
de reforma interna.

Escorriam conclusões
pela ponta do nariz
pelo queixo proeminente
e até pelos cotovelos
(mudos e calados)
que subiam e desciam
em movimentos de força
e de repetição.

Ergueu-se finalmente
com a alma lavada
e seguiu em passos largos
rumo a caminhos outros.

As gotas ficaram no solo
transbordando importâncias.
Deixadas para trás
foram pisadas
secaram
ou evaporaram.

Outras virão amanhã.

Persevera!






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terça-feira, 22 de agosto de 2023

Detox 2.0 (ou 5.2)


Benditos sejam:
a idade que tenho
os cabelos que já não tenho
e a resiliência semiprateada
dos que optaram por ficar,
pois hoje o sentimento bateu
forte, profundo, e foi
quase difícil suportar.

As vozes na minha cabeça 
então ordenaram:
"vai pra rua!" 
e fui...

Destombei carro no meio-fio
proporcionei possibilidades
e concluí projetos
dei (e levei)
socos
chutes
cotoveladas
pontapés.

Cansei muito o corpo
E descansei a alma.

Fui embora pra casa à noite com
mó vontade de comer purê de baroa
e de matar um guaraná inteiro
sozinho.


(rua Pouso Alegre, BH-Acervo pessoal)











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sexta-feira, 21 de julho de 2023

O Sol Que Me Ilumina

 

Ontem eu pensei muito positivo.
Andei para frente.
Hoje o dia amanheceu nublado
e feio
porém
com todos os ipês amarelos 
da rua do meu trabalho 
florescidos de repente.

Dia nublado é questão de
ponto de vista.

Quem decide de qual lado da
nuvem o sol fica
somos nós.


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sábado, 1 de janeiro de 2022

Primeiro de Janeiro

 

Decidiu que o dia seria seu.
Somente seu. 
Nada de encontros, nada de gente, nada de responder aos telefonemas e mensagens de ano bom a não ser que venham daquelas almas que lhe são mais caras ou que lhe toquem muito fundo o coração.
Dia de recolhimento ritualístico.
Dia de livrar-se de vícios antigos e limitantes.
Dia de lembrar com saudade de quem merece saudade.
Dia de pesar as consequências daquilo que fez ou que deixou de fazer.
Dia de por alguma tarefa em dia.
Dia de ter medo.
Dia de despir-se de convicções, certezas e opiniões, que no fim das contas só servem para si próprio.
Dia de lembrar que nada sabe da vida dos outros.
Dia de alinhavar planos.
Dia para vestir-se de coragem ou cara-de-pau.
Dia para lembrar de não esquecer da vida que urge ao seu redor.
Que venha 2022!

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quinta-feira, 4 de novembro de 2021

A Ponte

 
Ela surge após curva fechada
tanto para os que vem
quanto para os que vão

Uma ponte feita 
para o trem passar

Mineiramente

Elo entre montanhas
que instantaneamente
me conecta a você

Mineiramente

Portal de acesso
para nossos melhores
momentos juntos

Mundanamente.




#parabilu




quarta-feira, 22 de setembro de 2021

E pur si muove

 a esquina barroca

luz e sombra
inércia e movimento
dúvida(s) e certeza(s)

o que vem após dobrarmos a esquina?

não importa

atrás de uma montanha sempre 
vem outra montanha

"E pur si muove"




quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Os Everestes Empilhados


Vivo a vida contando
os beijos de Luciane
como conto e registro
nos meus livros de
Adélia e Drummond
os poemas de que mais gosto:

Anoto na última folha
número da página
e os sentimentos aflorados
por sua leitura.

Ali viram referência.

Volto neles (poemas e beijos)
e sinto alívio sempre que 
o peito aperta e estou
com alma mais pesada que
mil e um Everestes empilhados.

Em tempos pandêmicos
e de emoções viralizadas
conto três anos de nós dois.
Carrego em tudo meu quinhão
de culpa e responsabilidade
pelos montes de Everestes,
pela leitura dos poetas
e pelos beijos que Luciane me dá.

#lovelylivelo
#parabilu

(Tiradentes-ago 2019-acervo pessoal)
(Tiradentes agosto 2019-acervo pessoal)








quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Das Pequenas Grandes Alegrias

 
Manifesto e impalpável
juntam-se finalmente
com sentido.

Sofisticado e simples
é tudo que se encaixa
quase sem som.

Apenas um click.

Um beijo.

Cheiro
toque
e sorriso
pernas entrelaçadas
peles energizadas.

Upload completo.

#lovelylivelo
#parabilu

(Lapinha da Serra jan.2021-acervo pessoal)









terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Sou do Mundo, Sou Minas Gerais: o dia em que conheci John Lennon e os Beatles.

  

    Lembro-me da morte de John Lennon como se ela tivesse acontecido ontem.

   No começo de dezembro de 1980 eu estava na casa da tia Lanza em Rio Acima, lugar para onde normalmente ia quando as férias escolares chegavam, além do sítio da vovó Lola na Pampulha.

    Acordar de manhã, vestir uniforme, calçar chuteiras (e no meu caso, também as luvas de goleiro), jogar bola com os primos e amigos até ela deixar de existir pela escuridão da noite eram minhas maiores preocupações aos 9 anos de idade. Fora isso, ainda pipocavam na memória o drama e as imagens da final do Campeonato Nacional daquele ano, que o Atlético, com um timaço, perdera meses antes no Rio de Janeiro. Foi a minha primeira e, ainda hoje, minha maior decepção no futebol. 

    No campinho da tia Lanza eu me vingava dos cruzeirenses e cariocas de ocasião aos gritos de "...defeeeeendeeeeeuuuu, João Leiteeeeeee..." a cada chute dos Zicos, Nunes e Andrades que compartilhavam aquele gramado comigo. 

    O chamado para o almoço era a única coisa que conduzia a meninada, a contragosto, para dentro de casa. Uma espécie de intervalo do primeiro para o segundo tempo do dia que demorava uma eternidade para passar, afinal de contas, o terror de que morreríamos de congestão implantado em nossas mentes pelos mais velhos nos impedia de correr atrás da bola nas duas horas seguintes, pelo menos.

    Naquele dia 9, enquanto esperava o staff da minha tia terminar de colocar a mesa, eu assistia ao Globo Esporte na pequena TV colorida que havia no quarto dela. Mais para o final do programa, o apresentador Léo Batista anunciava uma homenagem ao famoso astro inglês, assassinado na noite anterior por um fã na entrada de seu prédio em Nova York. Foram mostradas imagens dos torcedores do Liverpool e do Everton, os times da cidade do Beatle, consternados com a notícia. 

    Eu assistia àquilo meio aéreo, pensando no futebol da tarde, tentando entender do que e de quem estavam falando, quando um de meus primos (acho que foi o Bruno) que assistia à tv da sala, irrrompeu pelo corredor e entrou no quarto com os olhos arregalados. Esbaforido, me perguntou se eu vira que o John Lennon tinha sido assassinado. 

    Olhei para o Léo Batista na TV, olhei para o Bruno e respondi:

     - Vi sim!!!

    Em seguida ele me perguntou: 

    - Você sabe quem era ele?

    Então emendei de primeira, isolando a bola na arquibancada (ou engolindo um frango memorável, já que estávamos na hora do almoço):

    - Sei sim, mas em qual time que ele jogava mesmo???? 

    Foi assim que, há quarenta anos, conheci Lennon, McCartney e os Beatles...


(acervo pessoal)




    

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Quatorze Anos


     Há quatorze anos, o mundo tornou-se um lugar diferente: as prioridades pessoais foram para segundo plano, atenção e zelo aumentaram, a alegria multipilicou-se e o senso de urgência fez disparar pernas e coração.
     Com uma vida novinha em folha nas mãos só nos caberia, a partir daquele dia, 24 de dezembro de 2005, e daquela hora, 3:53 da madrugada, arregaçar as mangas para conduzi-la com dignidade em sua caminhada que se iniciava por essas bandas do universo.
     De lá pra cá, as coisas não foram fáceis, eu confesso, mas nunca faltaram a fé, a esperança, o carinho, o compromisso, a presença constante (mesmo separados por quase meio Estado, rsrsrsrs...).
     Houve os tropeços, obviamente, mas o que foram eles diante dos nossos reencontros? Assim como dos sorrisos, dos abraços, dos beijos, das respostas elaboradas na lata para suas perguntas mais do que inesperadas, da diversão, e do mais importante: da busca incessante pelo aprendizado e colaboração mútuos, sempre em duas vias - Alexandre/Joana e Joana/Alexandre.
     Graças a Deus, chegamos em 2019 bem maiores do que começamos em 2005. Agradeço sempre a Ele e a todos que, em qualquer tempo e em qualquer lugar, juntaram-se a nós contribuindo para que tudo fluísse bem.
     Que a vida nos brinde com muitos e muitos anos nessa mesma toada!
     Feliz aniversário, minha filha querida, meu amor!
     Como é bom ter você sempre ao meu lado.
     Te amo!
     Seu Pai.
     #lindezalindezo

(24-12-2019)

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Leve


Quando a encontrei
Em sonho primeira vez
Não sabia ainda
Se dormia e
Se todo o perfume
Que usava era
Coisa de verdade.

Quando a encontro
Na minha vida todo dia
Tenho a pura certeza
De que estou acordado
E que todo o perfume
Que ela usa e me traz,
É coisa de sonhar.

Ela é leve comigo.
Me deixa leve.
Mesmo desabando
Mundos e fundos
Atrás de si.

#parabilu

(acervo pessoal)


terça-feira, 24 de setembro de 2019

Encontro

As mãos deles se entrelaçaram,
Tímidas e reticentes
Por baixo de uma mesa amiga.

Quando os dedos se tocaram
Nervosos, primeira vez,
Foi choque tectônico,
Sismo e coração disparando.

Todo encontro implica
Toque, sequência de
Permissões, transparências
E energias compartilhadas.

Ali não foi diferente e também
Houve tudo o que a natureza
Poderia dar: terremoto e tsunami
Beijo, carinho, benção e saravá.

Hoje as mesmas mãos se entrelaçam
Como se primeira vez fosse,
Se procuram e curam, suavemente
Os soluços que cada uma traz.

#parabilu
Com a força e a leveza
De nossas mãos entrelaçadas
#lovelylivelo
21-9-19


(acervo pessoal)

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Trezentos


Trezentos dias.
O que carrego dela
em mim?

A risada fácil,
o humor leve
e sempre em dia;

o gosto do beijo bom
e, quisera eu, interminável;

nas mãos,
o peso de seus cabelos
densos e cheios,
devidamente acarinhados
e revolvidos
na festa do reencontro;

os corpos encaixados,
o cheiro de sua pele,
de seu perfume
para sempre em minhas
roupas, em minha vida;

o silêncio das faces coladas
na troca constante
de afeto extremo.

Trezentos dias.
Para sempre...

#lovelylivelo
#parabilu

(acervo pessoal)