"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

domingo, 27 de setembro de 2015

O milagre de um café que virou cerveja


Se encontraram na noite anterior à do eclipse.
Temperatura alta, vento pelas costas
pessoas desfilando em público suas fantasias
ou rodando brancas danças conforme a música
que saía alta dos microfones e amplificadores.
Vendia-se artesanato, chocolates,
rosas, orquídeas e cerveja.
 
Riram e conversaram aos litros
palavras soltas, diretas ou desbocadas
conforme pedia cada assunto.

Falaram do passado e do presente apenas.
O futuro não cabia naquele momento
e não pertencia a nenhum dos dois.
 
O futuro não existe de verdade
e a vida é toda uma grande brincadeira.
É trolagem diária de alguma
esfera superior, concluíram...

Precisavam ter feito aquilo tudo.
Precisavam de ar.
Precisavam falar asneiras
e reviver piadas internas.
 
Ele levou para casa um resto de abraço
e de perfume no rosto e nas mãos.
Levou a paz, o prazer de viver
e um pedido quase secreto.
Levou uma dor no peito e um pesar.

Ela possivelmente levou o que fora buscar.

Na noite anterior à do eclipse
ocultaram-se ali sentimentos
e beijos.

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