"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Mea Culpa - Confissão de Dívida Eterna de Sangue e Silêncio
Sento-me e escrevo,
Meio inclinado para frente
Sinto-me.
Um sangue grosso
E quente me escorre
Pela testa e têmporas,
Contorna sobrancelhas
E ganha a face entrecortada de rugas
Recentes
E outras vindouras,
Ao mesmo tempo
Ancestrais,
Até finalmente chegar ao queixo e pingar,
Batizando com suor e lágrimas,
Gota a gota,
Mesa, papel e mãos.
Um sangue doido
Doído e puído,
Pisado
Rubro-róseo-escarlate
Sangue Paixão de Cristo
Semana Santa em Minas
Ou em Hollywood...
Sangue perdido desperdiçado
Em entendimento tardio
Do que é,
Do que significa
Amor verdadeiro.
Amor que só se percebe em perda,
Amor que só se percebe imenso
Em sua ausência.
Amor que gera sofrimento
Ante a impossibilidade agora eterna
De lhe dizer qualquer coisa
Até mesmo simples “oi”.
Amor perdido e negado,
Pago com meu sangue
E com meu silêncio,
As únicas coisas que me dignificariam
No dia de hoje.
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