"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Fernando Pessoa, Victor de Andrade e nossos "padrões" a deixar pelo mundo afora...
O meu grande amigo Victor de Andrade ontem me contou um caso e mencionou este poema (que eu não conhecia) do inigualável Fernando Pessoa, entoado no mês passado por ele em Lisboa, à beira do Tejo, aos pés do Padrão dos Descobrimentos.
Mais do que poesia, mais do que obra do Pessoa, mais do que registro oral da glória navegadora portuguesa, mais do que versos merecedores da melodia de Caetano Veloso (http://www.youtube.com/watch?v=B1HwbgDiR6Q), este poema é uma ode à motivação humana, seja ela inspirada em Deus, em uma ideia ou na pura e simples intuição e vontade de seguir em frente e registrar sua marca.
Como toda obra literária de qualidade pode ser lida de várias maneiras, em qualquer época da vida e nos transmitirá sempre uma mensagem ou interpretação nova, adequada ao nosso anseio momentâneo ou reflexão para o futuro.
E cá estou eu hoje, mais português do que nunca, tanto em nostalgia quanto no desejo de navegar e conquistar, lendo e relendo esses poucos versos tão gigantes e multiplicadores de esperança. E de ilusões.
Parodiando o próprio Caetano em "Os Argonautas": Navegar é preciso, viver TAMBÉM é preciso.
Padrão
O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quintas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a cruz no alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
Fernando Pessoa-13/09/1918 "O Guardador de Rebanhos e Outros Poemas"
Os padrões eram marcos de pedra que os navegadores portugueses levavam - traziam - no porão dos navios e fixavam nas praias encontradas, como forma de marcar a sua posse pelo Rei de Portugal.
Diogo Cão esteve entre os primeiros navegadores que exploraram as costas da África tendo feito importantes contatos com os povos africanos. Posteriormente disse ter logrado passar o Bojador, o grande desafio que correspondia a ter encontrado o desejado caminho marítmo para as Índias. Essa notícia não se confirmou e o navegador caiu em desgraça(...)
http://www.caleb.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=68:padrao-fernando-pessoa&catid=35&Itemid=54
.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário