Dispo-me
Dissipo-me
Em Ulissipo
No país de meus ancestrais
Em Lisboa
Transformada em Capitais
De Reinos
Vices-Reinos
Portugais vários
Existentes no mundo afora
E ainda mais.
Viajo no
Espaço-Tempo do meu tempo
Num bote solto
Num Tejo revolto
Num sei se volto
A amar novamente.
Ao mar,
Minha gente!
Coragem!
Recomece cada dia
Não admita calmaria
Ou seu Porto, asseguro,
Jamais chegará.
Visto-me
Visito-me
Na Vila Rica
De Belos Horizontes
No ouro perto
Das Minas
Gerais.
Num país
Em chamas
Numa cidade
De tramas
Neste mês
Em que as semanas
Insistem em não durar
E você vem justamente
À minha vista se sentar...
E o tempo então pára...
Não se preocupe
Ainda não me interessa
De onde você vem
Para onde vai...
O que interessa é que,
De súbito
Alguma coisa, vinda daí
Encheu a imensidão
De válvulas átrios ventrículos
Que costumo chamar
Meu coração.
E quando isto acontece,
A minha vista,
Cansada de coisas banais,
Deixa de ser turva
E faz até mesmo curva,
Procurando te procurar
Te ver
Cada vez mais.
E mais.
1998
.
"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
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