"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cento e Cinquenta. E Cinco Por Cento

Três anos se passaram,
E eu, num profundo
Mergulho n’alma
Pergunto-me:

Emirjo?
Sim, com certeza!
Mas o que sobrou
De mim? Nesse tempo todo.
Prefiro retificar a questão:
O que construí em mim
Desde então?

Sim. Amadureci.
Sou diferente cento e cinqüenta por cento
Do que era.
Evoluí cinco por cento
Do que realmente preciso...

Família e amigos
Vejo com reservas.
Olho por quem me olha,
Não perco mais tempo ou energia
Com rodeios ou pessoas
Desnecessárias.

Meu conceito de energia
Mudou.
Tudo é energia.
Não se trata de coisa
“Visível” como a energia
Elétrica, por exemplo.
Energia é o que sinto,
Quando vejo uma pessoa,
Quando lembro uma situação...
E a energia que sinto
Ao ter uma idéia nova
Agora chamo
Intuição.

Intuição não é premonição.
Eu andava errado quanto a isso.
Intuição é estímulo, ímpeto.
Mentalização...
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce...”


E nasce mesmo!

E quanto ao amor?
Esse continua o mesmo:
Não cabe em mim,
Sai-me por cada poro.
Amor reciclado desta feita...
Sem perda do auto-respeito,
Da auto-estima.
Amando-me primeiro
Depois Ela.
Ela com “E” maiúsculo
Pois Ela merece
Todo amor do mundo.

Profissão?
É a roupa chique que vestimos
Para o baile da vida toda,
Onde dançamos, rodopiamos o salão...
Escorregamos às vezes
Trocamos de pares...
Suamos e podemos até
Trocar de roupa...

Vinganças...
Realmente não as planejo mais.
A vida sempre dá
Os trocos necessários.
Cedo ou tarde recebemos de volta
Tudo aquilo
Que praticamos
De bom,
De ruim,
De negligências,
De atentos...

E escrever?
Volta às vezes essa vontade:
Palavras ao vento,
Velas ao relento...
Mas antes agir que pronunciar.
Girar o leme da vida
E seguir em frente...


Abril  2000


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