"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
sexta-feira, 17 de julho de 2015
Eu Via Rua da Bahia
Começa na Floresta, é verdade
O lugar das ruas-cidades
Januária com Pouso Alegre
Norte e sul de Minas
Seguindo até Liberdade.
O Conde de Santa Marinha
Por ali construiu sua casa
Que tem até camarinha
Ladeando a estrada de ferro
Pra que pudesse ver a linha.
Mais à frente o Ribeirão
Morto de poluição
Vem descendo rapidinho
E variando a direção
Corta a Praça da Estação.
O trecho plano é caldeirão
Onde o povo se amontoa
Uns fazendo, alguns à toa
Lá tem muita gente boa
Exercendo a profissão.
Carijós marca a subida
Tamóios sem tacape
Viaduto, Sulacap
Passamos pelo Parque
Com a Avenida em destaque.
O Maleta se ergueu
Bem ao lado de um museu
No setor tradicional
Boemia sem igual
Bar do Ponto, Odeon, Parc Royal.
Vem subindo a Bahia
Aparece a Academia
Com seu belo casarão
E a Igreja calma e fria
É o refúgio do cristão.
Outra vez a rua é plana
Mas nos dias de semana
Quando o tráfego embanana
Menos tensa a gente fica
Pois a vista gratifica:
A Sucata se insinua
Izabela cruza a Rua
E o edifício caprichoso
Ajudou a ser famoso
O arquiteto sinuoso.
O caminho segue em frente
Surge o Minas de repente
A fachada que ostenta
A parábola cinzenta
É oásis, quando esquenta.
E a Bahia vai-se embora...
Já se avista sem demora
Verde rua Carangola
E a avenida do Contorno
Que vira, gira, enrola...
(1994)
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