"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Transdelírio Distópico


Acordo de um sonho doido meio noir
Em que via apenas seus olhos
Iluminados e em faixa
Refletidos no espelho retrovisor
Do carro que você guiava
Pela madrugada adentro
Numa época que nunca vivemos.

Sentia uma paz improvável
E também o peso de seu corpo
Deitado sobre o meu retesado,
Solto no éter, no álcool e no céu de sua boca
Que desferia-me beijos infinitos e
Dizia-me coisas ao pé do ouvido
Em idioma incompreensível,
Em língua estrangeira ou alienígena
Da qual só reconhecia duas palavras:
Amor e coração.

Adormeço de novo.
Continuo vendo seus olhos e as reações
De sempre pelo retrovisor
De sonho, beijo e duas palavras mais.
E com seu corpo ainda sobre o meu,
Sem pesar.

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