"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Baú de Afetos (ou Amor de Índio)


Abro o meu baú de sentimentos da vida inteira
escondido no sótão onde moram apenas
pensamentos bons e as lembranças
que valem a pena.

Retiro dele:

um abraço eterno de validade retroativa,
interminável encontro de sentimentos
desencontrados;

um cheiro seu, perfume vidro de bola
impregnado em meu corpo desde sempre
e volátil como um fantasma ao sol;

a sensação de ter novamente meus dedos
misturados aos cachos de seu cabelo vermelho
e molhado, de banho ou de suor;

a visão de um trecho de seu corpo,
reclinado e branco, facho de luz lua cheia
entrando pela fresta da janela semi aberta;

e finalmente um beijo do nada, inesperado e bom
no alto de minha cabeça, batizada agora
com um pouco de gloss e ternura desmedida.

Cabeça que nunca mais foi a mesma depois de
ter guardado tudo isso para sempre dentro do
meu baú de afetos.

"O destino que se cumpriu, de sentir seu calor e ser todo..."


(Ataíde Miranda - Exalando amor entre mais de 1000 corações)





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