Num dia de pressentimentos
Desde o início do dia,
Num dia em que vi minha tia,
Tão triste
Desde o início do dia,
Não sei se pelo peso das sacolas,
Ou por saber de minha história,
Ou então pelos problemas de lá...
Num dia em que deixei minha noiva chorando,
Cheia do mundo,
Cheia dos outros,
Cheia de nada por dentro,
Num dia de nuvem-aura escura e baixa,
Dentro de mim e de minha casa,
Desde o início do dia,
Leio pela enésima vez um livro
Que me arrebata sempre: Pedro Nava...
Num dia de noite insone,
Minha cama no sofá da sala,
Sem saber se vou a Norte Sul Leste Oeste,
Se piloto ou Co-piloto,
Se caso ou compro bicicleta,
Num dia de infiltração no pulso esquerdo,
De pulso direito rodilhando mão e letras
E solidão...
Num dia em que vejo todos em casa sós,
Minha tia só, minha noiva só, eu sozinho,
Diinteiro e noitinteira,
Peço a Deus que venha e vele,
Pule de ouvido em ouvido sussurrando a todos
O que fazer do dia seguinte,
Desde o início...
Só.
BH-madrugada 26/04/2005 déjà vu de hoje, madrugada 29/11/2011.
.
"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
Nenhum comentário:
Postar um comentário