Segunda-feira 07/11, aniversário do mano mais novo e eu fui incompleto: esposa e filha ficaram em casa.
Reunião no boteco finíssimo e muitas poses para a nova câmera digital.
Caramba...
Vejo nas fotos que o tempo passou através dos meus cabelos: se os que já estão brancos ainda não brilham pelos flashes, o que era volumoso já denuncia as prováveis entradas e uma possível calvície. Mesmo assim ainda ouço: "esse aí não envelhece" ou então "é o mais novo lá de casa..."
Ledo engano. Continuo o mano mais velho.
Voltei pra casa todo "inadequado".
Breve corte no tempo, hora de botar a filha para dormir.
Como de costume deitei-me, e ela, quase 6 de idade, deitou-se sobre meu tórax.
Tem sido assim desde que nasceu.
Não há na face da Terra sensação melhor do que a que se tem ao adormecer alguém em seu colo, no embalo de sua respiração. Se há um significado extra para a palavra PAZ, ei-lo.
-Papai, o que você está ouvindo?
-Música.
-Posso ouvir também?
Compartilhei os fones e escutamos juntos clássicos do Clube da Esquina (isso mesmo Victor: trenzinho, montanhazinha, nuvenzinha, "o Beto", etc. e tal, revisitados magistralmente pelo Affonsinho). Ela ia se aquietando e com a respiração cada vez mais pausada vieram microespasmos e um ronronar baixinho, porém crescente.
Tem sido assim desde que nasceu.
Durante todo esse processo uma onda tsunami de nostalgia e saudade invade tudo e arrebenta em mim:
Saudade!
Não sei dizer de quem, não sei se de alguma época, não sei exatamente do que.
Talvez de algo que ainda está por acontecer, se isto for possível.
Não sei!
Simplesmente, Saudade.
Tentei entender a situação e só vinham à memória as fotos tiradas horas antes, meus cabelos, minha infância, pais, irmãos, tios e tias, primos e primas, casamento, família, os que se foram, lugares, escola, trabalho e amigos. Tudo que me referencia e me dá lugar no universo.
A leonina frase de sempre martelava minha fronte, qual carrilhão descontrolado, órgão de tubos gritando Tocata & Fuga J.S. Bach o tempo todo: "Carpe Diem! Cara pálida...CARPE DIEEEEEEEEM!"
A fronte pulsava. A mente pulsava. O coração pulsava. Tudo pulsava até que, por fração de segundo eu era só coração, 1.75m de altura, 68.8 kg, filha no colo e olhos estáticos.
Voltei.
Ela dormira calma, pousada no meu peito em chamas, com mineirices mil derramadas ouvido adentro e era levada agora para um leito mais tranquilo, cama de criança, no colo daquele que todos chamavam de moço mas que insistia em se dizer o mano mais velho.
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