I
E voltou Deus
Ao sertão mineiro
Do Espinhaço,
Talvez com vergonha
De si mesmo,
De sua criação
Não ter sido
Feliz naquele
Lugar nenhum
Do mundo: “Jequitinhonha”.
Resolveu dar-Se
Uma segunda chance:
Andou bastante,
Deixou pegadas,
Revolveu a terra,
Ergueu catedrais de pedra,
Monumentos admiráveis.
Das gotas de seu suor
Brotaram riachos,
Rios,
Cachoeiras,
De água doce
Doce.
Por algum tempo
Inverteu a ordem
Das coisas:
O céu virou subsolo,
Com isto,
Estrelas brotavam
No chão.
O sol dourava
As camadas mais profundas
Da Terra.
Então, esperou.
As estrelas tornaram-se
Diamantes;
Os raios de sol entranhados,
Muito ouro;
E aquela terra miserável
Tornou-se a mais rica
De todo o planeta.
II
Deus pisa
Tapetes de pétalas
E deixa
Pegadas de brilhantes
Diamantina
É uma pegada
Já lavrada
Pelo tempo.
.
"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
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