"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
sexta-feira, 10 de junho de 2016
The Living City VII
Sentia um incômodo, um desconforto diferente naquela via emocional que conectava coração e cérebro. O meio desse caminho era, não por acaso da natureza, a garganta, que naquela hora parecia tampada por uma bola de basquete suja de terra.
Ainda assim ouvia com interesse as palavras do professor sobre a cidade e seus primórdios e logo que acabou a aula saiu voando da Cidade Jardim com destino à Floresta.
Coisas de BH...
Flutuou calmo pela São Paulo com o Leitão encaixotado, ruidoso e fedorento lá debaixo do asfalto preto, imerso que estava em pensamentos e especulações inúteis.
Tentava desvencilhar-se dos preconceitos de praxe, principalmente os auto-infringidos, que atormentavam sua vida e o faziam pensar novamente em voltar para a terapia.
Acordou do transe entrando pelo viaduto de sempre. Conhecia aquelas calçadas como sua própria alma e as percorria cumprimentando buraco por buraco.
Ignorou os arcos dessa vez.
Não quis olhar para eles para não invocar mais passado.
Não tinha tempo para isso.
Precisava de caminhos novos, amores novos, sapatos novos.
Virou Sapucaí e sumiu na noite escura.
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