"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Sangue e Ferrugem


Às vezes a luz que vem dos olhos
se apaga um pouco e
caem as guardas da alma.

As mãos se desentrelaçam
e apenas as digitais
de um ou dois dedos hesitantes
e novamente infantis fazem
a conexão de nossos corpos
que não mais se pertencem.

Tudo se volta para dentro.
Todo sentimento é de peso.
Toda a Fé é escassa e o mundo
pequeno
parece girar mais rápido.

Sopra o vento trazendo frescor
para a noite de insana guerra.
Assusto-me com o roçar das
cortinas do quarto em minhas
panturrilhas nuas e tesas.

Volto-me para ver janela e céu preto.
Lá fora levantam-se lado a lado
Marte e Antares.
O Escorpião tem agora dois corações:
um cor de sangue, outro de ferrugem.

Sinto-me Órion mergulhando
em horizonte oposto
com a espada em punho
levando na boca um gosto de
sangue e ferrugem.


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