Se eu fosse um nobre Egípcio
Daqueles bem fodões mesmo,
Lá da antiguidade,
Levaria comigo para a pirâmide
Um livro do Pedro Nava,
Uma entrevista da Adélia Prado,
Uma coletânea dos Gershwin,
Outra, do Clube da Esquina,
Uma maquete qualquer do Frank Lloyd Wright,
A risada da mulher amada,
O perfume preferido de minha filha
E um bilhetinho seu.
Com desenho...
Levaria todos os meus defeitos
Pois podem servir de escambo
Num purgatório eventual.
Levaria qualidades também!
Vai que preciso de um Curriculum Vitae
Depois da morte...
Levaria as mais terrenas coisas:
Um vídeo do Victor contra o Tijuana,
As lembranças de todas as bobagens proferidas
Com os amigos vida toda...
Engraçadas ou constrangedoras.
Um postal antigo de Belo Horizonte
E um moderno...
Um postal de Chicago
Um de Lisboa
Um da Espanha
Um da Itália...
Levaria minhas caneladas na vida,
Minhas pequenas corrupções
(se é que elas tem tamanho).
Levaria uns pecados bem cabeludos
Para tirar do fundo da gaveta do sarcófago
E me vangloriar de vez em quando.
Levaria um buquê das vergonhas alheias
Que todos sentiram por mim
E colocaria bem na entrada de minha câmara.
Deixaria no bolso
(bolso de múmia)
Umas fotos de família
Para derreterem e fundirem-se comigo
Quando finalmente
Eu virar pó
E me reintegrar
Ao universo.
(Acervo pessoal) |
P.S.: até a presente data, 26/08/2019, a Pirâmide não me "chamou", então fiz alguns acréscimos da bagagem final que devo levar comigo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário