Te vi chegar pela janela gradeada
da sacristia do Carmo de Ouro Preto
e em meio a relíquias
e idiomas distantes
eu te esperava,
no dia de meus anos.
Cabelos soltos, brilhantes
ao sol da manhã fresca,
vinda de ladeiras e ruas que um dia
passei em pensamento,
quando buscava em alguém
o que agora via em você.
Pensava em nós.
Te segui de dentro da nave.
imaginando seus passos lá fora,
ao sabor do vento sol relva pássaros.
Desfilei retábulos, altares, púlpitos
e santos (trocando olhares de fome comigo).
detendo-me na última estação
da Sacra Via revendo uma promessa
e esquecendo outras mil,
deixadas pra trás
em pegadas na trilha da vida.
Pensava em nós
Saindo, te vi pequena e altiva,
sentada no parapeito do adro da igreja
com o mundo todo a seus pés:
Senhora da paisagem
de montanhas e história
que envolviam,
emolduravam o quadro
de nosso último caso,
de nosso último encontro,
no dia de meus anos...
.
"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
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