Sinto-me vivo, pulsante, vibrante,
E no entanto sou, ao mesmo tempo,
Montanha em país muito frio:
Imponente e coberto de gelo.
Gelo que derrete ao sol
De cada idéia nova, tornado em
Água que escorre pelas encostas,
Infiltrando-se por fissuras na pedra,
Em rugas imemoriais
Adormecendo em interior quente
E confortável até
O frio chegar novamente.
A água volta ao gelo e se expande
Com força sem igual na face da Terra
(ou em seu interior)
Explode as fissuras em milhões de pedaços,
Me esfarela.
E eu, Montanha,
Morro aos poucos agora,
Com o corpo rachado e o
Interior exposto em frestas,
À mercê de outros sóis,
De outros gelos e outras águas,
À espera da intempérie final.
Desgaste...
.
"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
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