"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

quinta-feira, 24 de março de 2016

The Living City IV


Subiu devagar por Álvares Cabral, "meio" feliz por ter acabado de cortar o cabelo e ter pego de volta sua cara de gente, perdida e desgastada há meses nos espelhos da alma.
Ao mesmo tempo, pensava coisas dispersas enquanto conferia o potencial de chuva contido naquele céu cinzento das 14h:
"Engraçado: às vezes o trabalho está ok mas o coração não, então me incomodo... às vezes o coração dá show, mas o trabalho cai pelas tabelas. Mais incômodo. E quando os dois vão mal ou vão bem demais? Do nada aparecem esperança e otimismo, ceticismo e insegurança... foda. Queria entender essa porra toda!"
Pausa para atravessar uma rua.
Chegou à Praça que fica perto do escritório, observou tudo de longe e prendeu-se à trama dos pisos táteis que a contornam. Analisou os desenhos, os caminhos, os altos, os baixos e rebaixos, as mudanças de direção e de cores. 
Resmungou sem abrir a boca: "Ai meu Deus...esse trabalho que não me deixa!"
Abaixou a cabeça, cerrou os punhos seguiu em frente por uns mil quilômetros. Quando caiu em si percebeu-se andando em círculos, seguindo o caminho que as lajotinhas vermelhas indicavam.
Pensava cego em Isabelas, Cláudias, Carolinas e Marias...












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