"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
domingo, 8 de março de 2015
Depois da Chuva
À noite
Sobre as poças rasas
Deixadas pela chuva
Que acabara de cair
Ele caminhava só,
43, mais adolescente
Do que nunca
Levando flores nas mãos
E na alma.
Nos ombros o peso
De um luar intenso
De prata pura
Derretendo aos poucos
Nuvens de chumbo
E medo.
Coração?
Repleto de tudo.
De vida, inclusive.
Deixou ao pé da entrada
O buquê
Deslizou com os olhos
Por baixo da porta
O cartão
Com tudo o que nunca disse
E com tudo que estava por dizer
E querer
Dali pra frente.
Sentiu ali sua presença
Pelo simples fato
De saber que ela existia,
Mais do que pelas luzes
Vindas das janelas
Pelo vento assoviando
Pelas frestas
Ou pelo trote miúdo do "pet"
Que já notara o movimento
E farejava o chão
Do outro lado daquela
Bendita porta.
Saiu andando sem olhar pra trás,
Consciente de ter feito
O que pedia a voz
Do seu coração.
.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário