"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada
"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"
"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
Coração Salva
O tempo não para.
O tempo voa e leva junto
Meus cabelos,
E alguns fios de esperança,
Minha tolerância,
Algumas mágoas
Alguns arrependimentos
Umas poucas certezas
E as lembranças todas que tenho.
São quatro horas da manhã
E ainda não dormi.
Pelo volume de coisas
Em que tenho pensado nos
Últimos dias, parece que não
Dormirei mais.
A vida urge.
Não há tempo para descanso
E ainda tenho muito o que fazer.
Urge a vida
E o meu coração anda muito acelerado.
Tão acelerado que faz esterno e
Costelas pulsarem junto,
E com eles todo o corpo.
E aí,
Aí eu não durmo.
O meu coração rápido
Pulsa
Roda
Bate
Espreme
Esperneia e
Puxa.
Me puxa acorrentado
Do atoleiro
Do mundinho
Da caixinha preta de música
Que insisto em dar corda
Todos os dias
Para ouvir sempre
A mesma melodia irritante.
E eu lá.
Na ponta dos pés
Braços em arco sobre a cabeça.
Rodando bêbado,
Tropeçando nos rodapés
E voltando sempre para o meio
Da pista.
Do meu egoísmo estéril
E fatal.
Vem e me salva o coração.
É ele que não me deixa dormir.
É ele que de tanto pulsar
Me joga para fora da cama
Me faz vibrar como um
Diapasão...
E eu vibro
Estalo as taças de cristal,
Quebro as vidraças,
Estouro tímpanos,
Rompo barreiras
Mas ainda bato a cabeça na
Última etapa
Última fronteira
Na vitrine do mundo real.
Às quatro horas da manhã
Sem dormir
É o coração quem me salva.
É ele quem tem razão.
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