Um trem inaugura as manhãs
Em Belo Horizonte.
Ele vem do Leste
Quando ainda é escuro
E a cidade está quieta.
Ele vem do oriente
Onde o sol nasce
Porém, vem mais rápido
Que o sol.
Passou por terras onde
Já é dia,
Vem rangendo trilhos
Chicoteando vagões lotados
Que trazem
Em seu bojo os sons,
O movimento de uma cidade
Despertando:
Carros ao longe
Ônibus iniciando viagens
Motocicletas
Vozes descendo a rua
Passos
Burburinho distante
Os primeiros pássaros...
Os primeiros passos
Do dia.
Tudo isto acondicionado
Em cada vagão.
O trem finalmente vem
Passa a Estação Central
E dispara seu apito poderoso
...........................................!
Cruza a Januária,
Os ruídos aumentam
E cada vagão que passa
(Sob os olhos atentos do Conde)
Libera para o ar
Toda a sua carga sonora.
Um de cada vez:
Primeiro os carros ao longe
Os ônibus, motocicletas...
E o último
A carga dourada
Dos primeiros raios
De aurora.
O trem passa direto
Segue para o Oeste
Onde o dia ainda não nasceu
Leva consigo carga renovada
E mais uma cidade
Acordada.
Em ação.
E o dia chega
Então.
B.H. Rua Januária, anos 1920. Ao fundo, rua da Bahia. |
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