"Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada;
mas quando não desejo contar nada, faço poesia."
Manoel de Barros - Livro Sobre Nada

"O momento em que, hipoteticamente, você sente que está andando nu pela rua, expondo demais o coração, a alma e tudo o que existe lá dentro, mostrando demais de si mesmo. Esse é o momento em que, talvez, você esteja começando a acertar. "
Neil Gaiman - O Discurso "Faça Boa Arte"

"...eso es lo que siento yo en este instante fecundo..."
Violeta Parra - Volver a Los Diecisiete

segunda-feira, 6 de maio de 2013

B.H. 4:30 A.M.


Um trem inaugura as manhãs
Em Belo Horizonte.
Ele vem do Leste
Quando ainda é escuro
E a cidade está quieta.

Ele vem do oriente
Onde o sol nasce
Porém, vem mais rápido
Que o sol.

Passou por terras onde
Já é dia,
Vem rangendo trilhos
Chicoteando vagões lotados
Que trazem
Em seu bojo os sons,
O movimento de uma cidade
Despertando:

Carros ao longe
Ônibus iniciando viagens
Motocicletas
Vozes descendo a rua
Passos
Burburinho distante
Os primeiros pássaros...
Os primeiros passos
Do dia.

Tudo isto acondicionado
Em cada vagão.

O trem finalmente vem
Passa a Estação Central
E dispara seu apito poderoso
...........................................!

Cruza a Januária,
Os ruídos aumentam
E cada vagão que passa
(Sob os olhos atentos do Conde)
Libera para o ar
Toda a sua carga sonora.

Um de cada vez:
Primeiro os carros ao longe
Os ônibus, motocicletas...
E o último
A carga dourada
Dos primeiros raios
De aurora.

O trem passa direto
Segue para o Oeste
Onde o dia ainda não nasceu
Leva consigo carga renovada
E mais uma cidade
Acordada.

Em ação.

E o dia chega
Então.




B.H. Rua Januária, anos 1920. Ao fundo, rua da Bahia.














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